Quais os critérios que o cantante precisa considerar
para avançar vocalmente:
Consciência técnico-vocal – o orientador
vocal pode ser um facilitador (ou dificultador, se não houver empatia entre ele
e o cantante) dos seguintes procedimentos:
Conhecer seus procedimentos respiratórios (para as
diferentes atividades físicas que exerce)
Reorganizar a postura corporal
Conhecer seus locais de ressonância vocal
Conhecer sua extensão vocal
Conhecer sua tessitura vocal
Conhecer sua região de conforto vocal
Conhecer seus limites vocais
Conhecer as regiões de quebra
Conhecer os locais favoráveis de articulação de
cada fonema
Querer superar-se vocalmente
Conhecer sua maleabilidade para cantar
Observar sua expressividade vocal (quanto de
imaginação possui e quanto consegue empregar desse exercício em sua execução vocal)
Cuidar da
apatia, uma “certa anestesia” que acompanha alguns cantantes, indiferentes e
distantes do que estão produzindo enquanto cantam (como se o canto fosse um
milagre, como se surgisse espontaneamente, “dos céus”, como se “caísse no colo
de alguns").
Pensar no canto como um ‘produto’, não desses que
se vendem em camelô.
Dar um sentido específico ao que canta (do mesmo
modo que se esforça para dar sentido ao que diz numa discussão, numa argumentação,
quando precisa convencer alguém).
Envolver-se emocional e afetivamente com o próprio
canto.
Afinação responde a padrões culturais. Utilizamos o
padrão centro-europeu de afinar. Precisamos conhecer à perfeição esse padrão
(conhecer cada tom, cada intervalo, cada escala, grupeto, motivo, partes da
frase, o tema como um todo, pelo menos o padrão 440hz).
Outros padrões, de outras culturas, são
dinamicamente enriquecedores do conhecimento vocal, realimentam as
sensibilidades ao próprio canto.
Todos estes procedimentos devem estar a serviço da
peça que se está cantando. Por isso:
Conhecer profundamente a peça, em detalhes – rítmica,
melódica, harmônica, agógica, dinâmica, por audição e, se possível, por
alfabetização musical.
Considerar que bloqueios
psíquicos podem impedir os avanços que se esperam da voz. E que talvez seja
necessário tratar tais bloqueios em processos terapêuticos.
Considerar que é necessário educar o ouvido, ensina-lo a perceber o todo, as nuances,
sutilezas, a ouvir em
planos. Ouvimos por via interna e externa. O som vocal é
conduzido ao meio externo até o conduto auditivo. Nós o sentimos por meio dos
ossos (especialmente do pescoço e cabeça). A voz se propaga no ambiente e
retorna ao ouvido, para ser processada pelo cérebro, onde ganha sentido. Este
processo, do “mundo da forma”, pode ser mediado pelo orientador, que informa ao
cantante a qualidade do som que está captando, é capaz de descrever o som
produzido pelo cantante, procura ajudar o aluno na localização de suas sensações.
Porém, o trabalho do cantante é de autoanalise, autocontrole e autogestão. Que “conteúdo”
eu tenho para oferecer a esta “forma”?
Considerar que é preciso lidar com sensações
corporais enquanto se canta – executar
o canto pelo tato (percebendo onde é preciso firmar, onde relaxa, o que abre, o
que suspende, quantidades – de ar, de vibração do som).
Conhecer sua destreza em aprender.
Conhecer e desenvolver memória de canções.
Conhecer a função de sua voz quando participante de
agrupamento vocal.
Quando estamos atrás de resultados, podemos estar raciocinando de forma tecnicista,
reducionista.
Existem singularidades pessoais que tem de ser
levadas em conta, primeiro pelo próprio cantante para a maturação da consciência
técnico-vocal.
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