*Liew Yit Hong arts,artists,artwork
Ao proceder revisão de literatura
para a segunda fase do Projeto Mannaz, desenvolvido por mim desde fevereiro de
2013 (vide a primeira parte do relatório), em conformidade com o setor de
Extensão e Cultura da Faculdade de Artes do Paraná, dei com o pensamento de
Deleuze (2009), o qual me sugeriu uma analogia entre seu processo de construção
do Anti-Édipo e o processo de
construção das sessões vocais que vivenciamos, participantes de vários grupos
corais de Curitiba e Região Metropolitana
e membros da comunidade. Deleuze (2009) deu a conhecer a maneira como
acomodou sua obra, em parceria com Guattari. Descreveu como eles se utilizaram
de todos os recursos poéticos que os aproximavam e os distanciavam no agir,
experimentar e pensar. Que ambos exercitaram pseudônimos enquanto compunham o Anti-Edipo e que tiveram, com essa ação,
a intenção de manter-se despercebidos, para “(...) se chegar ao ponto em que já
não tem qualquer importância dizer ou não dizer EU”. Deleuze argumentou que em um dado momento da
construção “não somos mais nós mesmos. Cada um reconhecerá os seus. Fomos
ajudados, aspirados, multiplicados”. Foi esta a nossa reação diante das sessões
vocais realizadas, e eu as enumerarei adiante.
Tal qual o processo descrito por
Deleuze (2009), no Projeto Mannaz não tivemos um objeto ou sujeito definido
para dar suporte às estratégias utilizadas durante as sessões vocais. Elas
foram como afirmou Deleuze, a junção de “matérias diferentemente formadas, de
datas e velocidades muito diferentes”, conteúdos de vivencias sonoras pessoais
de cada participante. No caso no Mannaz, o mês de agosto de 2013 foi um período
árduo, de descobrir as correlações entre as matérias, suas
linhas de articulação ou
segmentaridade, estratos, territorialidades, mas também linhas de fuga,
movimentos de desterritorialização e
desestratificação. As velocidades comparadas de escoamento, conforme estas
linhas, acarretam fenômenos de retardamento relativo, de viscosidade ou, ao
contrario, de precipitação e de ruptura”. DELEUZE (2009),p.11-12.
Criei com os participantes, no
período entre agosto e novembro de 2013 as mais diferentes situações para
constituir as sessões vocais, todas registradas em vídeo. Acreditei
ser importante aproveitar todas as oportunidades possíveis de promover o que
Deleuze (2009) chamou de agenciamento. A
cada encontro inusitado dessas sessões vocais, pudemos observar que houve uma
multiplicidade de fatores favoráveis e desfavoráveis para a pratica da
improvisação livre, termo musical que usarei doravante, emprestado a Violeta de
Gainza, pedagoga musical. Se tivemos, com o Projeto Mannaz, condição de esboçar
um “organismo ou totalidade significante” no dizer de Deleuze (2009), ou seja,
fazer das improvisações vocais livres base para futuras criações – composições
e arranjos vocais - não houve tempo
hábil para dispor dos materiais coletados, organizados não para outra finalidade que corroborar as participações num primeiro
momento. Os materiais em vídeo, sem edição, serão de grande valia para analise
e criação de instrumentos pedagógicos musicais em 2014, na área do canto
coletivo.
Ao abrir os arquivos das sessões,
não garanto que haja, para as observações, encorajamento ao novo, ou seja, lá
estaremos nós, de olhos fechados, murmurando em plano diferenciado, em riste,
com o dedo classificador e sem condições de tomar partido quanto a qualidade
das criações. A lente não capta com presteza o campo energético de cada sessão.
A lente não é um psicoscópio[1]. Será necessário
valermo-nos de recursos investigativos para levantar nas imagens e sons o
limite entre o livre e o acorrentado. Para então, encontrar o caminho do meio e
construir diretivas para outras experiências do gênero.
Ouso, neste relato final, utilizar
material teórico de diversas fontes, que emprestarão força poética além do rigor
acadêmico exigido em
memoriais. Por exemplo, segundo o I Ching, mais
especificamente o hexagrama O poder de domar do pequeno,
o vento pode reunir as
nuvens no céu, mas sendo apenas ar, sem corpo sólido, não é capaz de produzir
efeitos grandiosos ou duradouros. Assim, em épocas em que não é possível uma
grande atuação exterior, resta ao homem a possibilidade de aprimorar as
expressões de seu ser mediante pequenas coisas.
Cada sessão vocal tem sido um esboçar dessas
“pequenas coisas” pequenas delicadezas da memória dos participantes, de suas
historias de vida, pontuadas de som e espanto. Um jogo espontâneo, onde
manipulamos ativamente a realidade sonora que nos circundava e morava dentro de
nós. Gozamos, por consequência, de uma crescente compreensão e capacidade de combinar os materiais externos
e internos – conteúdos sonoros - para, quem sabe, criar uma forma musical
padronizada nas varias categorias de beleza. Ou algo novo. Ou o caminho do
meio.
Em geral, não tínhamos ideia formada
para começar o jogo. Nosso "carteado" eram as notas musicais, ou um
barulho da voz ou do corpo, ou mesmo do ambiente (na FAP às vezes pode-se
contar com o som do trem, por exemplo). Íamos, a cada sessão, ganhando
habilidade para descartar e tomar novas cartas (novas notas, novos efeitos
sonoros). E uma imagem sonora, ou paisagem, ou retrato, ia-se configurando, do
caos a certa ordem.
Usamos, por hora, maneiras livres de jogar, sem regras ou limites além das próprias restrições, que são retratadas nos vídeos - inibições e preconceitos, inseguranças, insipiências pessoais. Trabalhamos com conceitos e pré-conceitos sobre o que pode ou não pode ser usado para se fazer “musica boa”. Pretendemos com isso mobilizar estruturas musicais já internalizadas, internacionalizadas (a partir de nossas culturas), além de poder absorver novos materiais e estruturas - e a forma ganhou, aos poucos, crédito para nós. Passamos num dado momento a chamar a forma de Arte, ou Invenção, “uma coisa beija a outra”.
Usamos, por hora, maneiras livres de jogar, sem regras ou limites além das próprias restrições, que são retratadas nos vídeos - inibições e preconceitos, inseguranças, insipiências pessoais. Trabalhamos com conceitos e pré-conceitos sobre o que pode ou não pode ser usado para se fazer “musica boa”. Pretendemos com isso mobilizar estruturas musicais já internalizadas, internacionalizadas (a partir de nossas culturas), além de poder absorver novos materiais e estruturas - e a forma ganhou, aos poucos, crédito para nós. Passamos num dado momento a chamar a forma de Arte, ou Invenção, “uma coisa beija a outra”.
Além de reproduzir modelos consagrados (os arranjos vocais que
estudamos), cuidando para não anelar frustrações e fixações em abundância e
viciar os processos de estudo e ensaio musicais, demos asas ao tempo de olhar
com as mãos - no nosso caso, deixar o som vocal-corporal vir, cru, grunhido,
silvado, grasnado, como era quando não dominávamos a linguagem falada ou nos
movíamos por espasmos.
Houve um encontro significativo nas
sessões com aquele período infantil dos nossos balbucios: naquela época,
tínhamos uma necessidade urgente de fazermo-nos compreender pelos vultos que
vagavam perto de nós ate mais ou menos o quarto mês após o parto. Ate o sexto
mês, marcávamos, com o choro, o grito e o riso, o vinculo com nossas mães. E
vinham entrando nos jogos de expressar o pai, os irmãos e agregados, numa
ciranda de incompreensão e insights. Nas sessões vocais buscamos, entre pessoas
que conhecemos pouco ou nada, um vinculo univérsico, usando os mesmos recursos
ou materiais da infância remota, talvez levemente sofisticados por alguma
percepção nova do modo de chorar, gritar ou rir. Aprendemos, durante as
sessões, a criar uma cena altamente manipuladora regada por musica melódica,
intencionalmente. E nos perguntamos a cada encontro como, com que materiais
iriamos atuar criativamente no contexto sonoro. Cada participante
trazia um estilo, um modo de pensar, e foi com ele que pudemos construir algum
aprendizado musical e afetivo, conquistado gradualmente.
As sessões vocais pretenderam provocar
de inicio expressão, comunicação e descarga humanas. Jack
Dobbs, citado por Violeta de Gainza, sugere:
Comecemos com o som antes
de qualquer sistema. Com o som e o silêncio, deixando ao encargo (...) a
investigação e a produção dos sons. O som é nossa propriedade comum e o
saborear um só som é o começo do saber musical.
As sessões vocais funcionaram como
teste projetivo – personal, definindo o nível de musicalidade em que nos encontrávamos
no momento. Experimentamos a oportunidade de auscultar o universo musical de
cada um, bem como os processos de produção sonora vivenciados no conjunto. Os processos
sonoros foram produzidos a partir de diretivas globais, abertas e
extramusicais.
As Diretivas:
·
Ostinatos, grupetos, escalas de varias culturas, intervalos,
células rítmicas, temas melódicos criados em tempo real, movimento de duas ou
mais vozes, uso de instrumentos musicais tradicionais ou alternativos, uso de
bordões, uma voz seguindo a outra, fugindo da outra, procurando “derrubar” a outra,
citações de temas musicais conhecidos. Estes materiais foram estudados a cada
sessão vocal por repetição e inovação e abriram espaço a novos ingredientes
sonoros, novos "carteados", aliados a musica e ao movimento.
·
Nenhum estilo musical (jazz, pop, contemporâneo, medieval)
restringiu qualquer sessão vocal realizada.
·
Em um dado instante, foram aparecendo as necessidades dos
participantes - mais concentração, mais memoria, sensibilidade frente ao som,
imaginação, possibilidade de superar bloqueios afetivos que se traduziam em
"limitações ou estereótipos musicais", como quer Violeta de Gainza.
·
Esquema harmônico dado.
·
Retorno a sons sem significação especifica –
balbucios.
Se ate julho de 2013 esperávamos que
voluntários nos procurassem aos sábados no estúdio 3 da FAP mediante convites
feitos via Internet, bem como no “boca a boca”, com parcos resultados, no
segundo semestre produzimos convites dirigidos, que começaram a florescer a
partir do dia 24 de agosto, com os dois primeiros visitantes.
Na sequencia, traço uma linha do
tempo para descrever a rota dos trabalhos desenvolvidos.
Segundo semestre 2013
Participantes
efetivos, que acompanharam todo o processo - Grupo piloto – SegundaSabado, UTP,
Grupo de MPB da UFPR, Coral APPSindicato,
Grupo de origem - Coral do CEIC
O grupo vocal SegundaSabado vem sendo
dirigido por mim desde 2010. Nasceu do Coral da UTP e adaptou-se a minha forma
de trabalhar com o canto coletivo. A maioria dos cantores caminha comigo desde
a fundação do grupo e revelou-se parceira nas tentativas de inovação e
alfabetização musical propostas ao longo desses anos. A ideologia utilizada com
o grupo é baseada na fraternidade. Mesmo respeitando a hierarquia, os
participantes vêm-se revelando solidários e disponíveis, abertos ao aprendizado
musical. Abraçaram com cuidado a proposta do Projeto Mannaz e será possível,
nos vídeos, observar sua total doação ao processo. Por isso chama-lo de grupo
piloto.
Eu já descrevera, no memorial
anterior, a função do Coral do CEIC no processo. Foi com ele, coincidentemente
em 2010, que iniciei as primeiras sessões vocais, para fins de conquistar novas
técnicas vocais. Foi com ele que pude observar, estando eu em campo, em coleta
de dados para a minha dissertação de mestrado, a forte irradiação provocada
pelo seu canto nas plateias a que acorria. Eu o sentia “varrendo os ambientes”
de impurezas sutis, especialmente quando cantava no Hospital Bom Retiro –
Curitiba – Paraná. Foi este fenômeno que me conduziu a desenvolver o Projeto
Mannaz em 2013. Por isso chamar o Coral do CEIC de grupo de origem.
Também constando do primeiro memorial,
vem a participação dos corais da APP Sindicato e GMPB da UFPR. Tive a grata
surpresa de ser recebida por eles não só como pesquisadora e experimentadora,
mas fui igualmente incluída em seu plantel, como cantora e preparadora vocal,
graças à afinidade da Maestrina Doriane Rossi com meu trabalho. Sigo junto a
estes grupos em 2014, em novas experimentações. Com o Coral da APP Sindicato
comprovei minha tese de que o amor é a base de toda conduta humana, e que sem
ele não existe trabalho, bem como o conhecimento “azeda”.
Além destes grupos citados, alguns
outros participaram das sessões vocais a saber:
Agosto 2013
·
Outras mulheres, CHR-APR, além da participação
de dois alunos de Licenciatura em
musica da FAP – não retornaram para a
finalização do processo.
·
Visita de uma aluna da UTP – não retornou para
a finalização do processo.
·
Luce del Anima, APP Sindicato, CEIC.
Participação da Maestrina Doriane Rossi e do diretor musical Diego Gabardo – o
grupo Luce dele Anima esta em negociações para minha participação como diretora
vocal na gravação do CD do grupo em 2014, a partir da sessão da qual participou.
Setembro 2013
·
Sessão vocal com um grupo do Curso de
Musicoterapia da FAP.
·
Visita de um funcionário da UTP – não retornou para
a finalização do processo.
·
Duas
sessões vocais, com alunos e professores de artes da Escola Municipal do Novo
Mundo - Curitiba – Paraná.
·
Visita de uma aluna da FAP, que passa a
integrar o grupo SegundaSabado em 2014.
·
Visita de uma aluna da UTP – não retornou para
a finalização do processo.
·
Sessão com os Grupos Omundo Vocal da FAP e
GMPB da UFPR. Participação do professor André Ricardo de Souza, do orientador
vocal de teatro Fernando Sas e da Maestrina Doriane Rossi.
·
Sessão vocal no Encontro de Corais da FAE
com todos os participantes do evento.
com todos os participantes do evento.
Outubro
·
Visita de uma pessoa indicada pela maestrina
Doriane Rossi, que passa a integrar o grupo SegundaSabado em 2014.
·
Concerto do Coral do CEIC – FEP – seis
improvisações livres sobre o tema Aquarela do Brasil.
Novembro
·
Encerramento do Projeto Mannaz, Teatro Cleon
Jacques.
·
Confraternização com a participação de Liane
Guariente e Kafka Café, Gazebo – Quatro Barras, Curitiba, Paraná.
Considerações finais
Escrevi ao SegundaSabado:
“Olá pessoas, tudo bem? Amanhã temos
uma noite insólita.
Sem o apoio efetivo de uma assessoria de imprensa, talvez bem poucas pessoas compareçam ao final do projeto além de nós. O GMPB esta de licença, improvável que alguém venha. Então, quero agradecer desde já a colaboração que vocês deram durante o processo. Antes de sair para o nosso encontro, queria lembrar sobre um ensinamento que aparece no final do filme Ratatouille: é muito difícil lançar algo novo, as pessoas resistem, procuram se opor a esse avanço, por algum motivo ou outro. Desde o começo do Mannaz eu disse que a ideia que venho investigando não é nova e sim, será novo o produto criado a partir dela. E é tão interessante o processo que as criações, a partir da improvisação livre, podem durar o tempo real em que ocorrem, inexistir após esse instante... ou podem ser captadas e trabalhadas em estúdio, transformando-se em objeto de apreciação estética. Gostaria de convida-los a permitir-se hoje. A deixar que o feio, o belo, o medonho, o enfadonho, o engraçado, o esquisito, o sórdido se configurem em forma de som. O espaço do Cleon Jacques é grande, oferece possibilidades de direção para o som. Aproveitem a oportunidade. Divirtam-se. Escutem a própria voz e o contexto em que ela pode se inserir. Usem a imaginação. Pintem quadros no ar. Imitem. O tempo ainda permite tal artifício. Um abraço e ate logo mais.
Sem o apoio efetivo de uma assessoria de imprensa, talvez bem poucas pessoas compareçam ao final do projeto além de nós. O GMPB esta de licença, improvável que alguém venha. Então, quero agradecer desde já a colaboração que vocês deram durante o processo. Antes de sair para o nosso encontro, queria lembrar sobre um ensinamento que aparece no final do filme Ratatouille: é muito difícil lançar algo novo, as pessoas resistem, procuram se opor a esse avanço, por algum motivo ou outro. Desde o começo do Mannaz eu disse que a ideia que venho investigando não é nova e sim, será novo o produto criado a partir dela. E é tão interessante o processo que as criações, a partir da improvisação livre, podem durar o tempo real em que ocorrem, inexistir após esse instante... ou podem ser captadas e trabalhadas em estúdio, transformando-se em objeto de apreciação estética. Gostaria de convida-los a permitir-se hoje. A deixar que o feio, o belo, o medonho, o enfadonho, o engraçado, o esquisito, o sórdido se configurem em forma de som. O espaço do Cleon Jacques é grande, oferece possibilidades de direção para o som. Aproveitem a oportunidade. Divirtam-se. Escutem a própria voz e o contexto em que ela pode se inserir. Usem a imaginação. Pintem quadros no ar. Imitem. O tempo ainda permite tal artifício. Um abraço e ate logo mais.
Sinto dizer que meu coração se partiu
naquela noite. Ao constatar que houvera um problema de comunicação entre a FAP
e a FCC, e não havia espaço na agenda para nossa participação, algo em mim se
precipitou feito tsunami. Chorei durante trinta minutos diante de todos. Perdi
as forças. Talvez o iluminador do Cleon Jacques, cujo nome desconheço, tenha se
compadecido da situação e nos cedeu, após conversa com um superior, cerca de
quarenta minutos para que procedêssemos a sessão vocal. Minha voz, presa nas
correntes de choro, recorreu a uma oração judia, que devolveu aos poucos aos
participantes certa calma e possibilidade de “pintar um quadro” ou cantar uma
das mandalas que recobriam o chão do teatro. Perdi o direito de finalizar meu
projeto com alegria. Travei para escrevê-lo no momento.
Não quero, nestas considerações
finais, deixar uma mensagem negativa. Muito pelo contrario. Devo agradecer as
pessoas. Aos cantores do SegundaSabado, que me permitiram voar. As senhoras da APP, que me deram amor. A
Doriane Rossi, que acreditou em
mim. Ao grupo do CEIC, que devolveu-me a chance de ter fé. Ao
Andre Ricardo, que estendeu a mão. Ao
grupo italiano, que me fez sentir uma saudade que desconheço, de terras
distantes. A FAP, de quem fui amante por longos trinta e dois anos e a quem
pedirei, em breve, o divorcio. Antes de abrir o processo de desligamento, quero
cantar um pouco com os funcionários da casa, com quem ainda não fiz uma sessão
vocal. Como se trata, 2014, de um ano atípico, torna as possibilidades
relevantes, para franca mudança de paradigma. Não quero que ocorra comigo o que
vi ocorrer com duas amigas, que deixaram a FAP constrangidas. Não quero
recorrer a tratamentos psiquiátricos. Quero ser artista, com dignidade e
terminar o meu tempo de criar com dignidade. Quero que os cantores que se
aproximam de mim sintam a bonança que e ser instrumento de arte. Eu amo a
musica. Eu vivo a musica. Tudo e musica para mim. Sempre gostei de ensinar e
aprender isso.
Questionário
1.
Fizemos varias improvisações livres, só nos ou
com convidados. Você se lembra de alguma? O que lhe chamou a atenção nela? Como
foi sua participação? O que percebeu em relação aos demais?
2.
Com relação ao repertório desenvolvido, pode
comentar?
3.
Com relação aos ensaios, pode comentar?
4.
Com relação as apresentações, pode comentar?
5.
Com relação a minha direção, pode comentar?
6.
Se você vai permanecer em 14, em que projeto
deveríamos trabalhar?
Respostas
1 - A improvisação que lembro foi em um sábado na FAP onde estava nosso grupo de sempre e Camila junto com Jordana, sendo convidadas ou seja lá o termo usado, onde conhecemos a historia de vida, onde diziam se "vivem" da música ou não; a sessão que fizemos depois da conversa foi Sul Real ao meu sentir e ouvir, foi algo que perdi a noção do tempo, isso que chamou minha atenção, não tive uma participação como sempre busco participar das situações em minha vida buscando conduzir do meu modo ou realizar com perfeição pois é algo sem referência de um padrão, somente o contexto.
2 - Todas as peças desse ano, no inicio tive alguma dificuldade em aceitar e adotar, porém quando senti que estava soando bem a resistência sumiu naturalmente, não sou referência para opinar sobre repertório, tenho pouco conhecimento nesse sentido, porém as músicas como Los Mozos de Monleon, Dulcinea e Você vai me seguir são peças que sempre poderemos trabalhar buscando a perfeição de Som e Sentimento.
3 - Sempre nos ensaios tanto na segunda como no sábado saio revigorado na maioria das vezes, com a sensação de pós injeção de adrenalina que vem o relaxamento ou digo a sensação de cumprimento de uma etapa e inicio de uma próxima, nas segundas saio do ensaio e vou para o CEIC trabalhar no Passe e sábado saio para ensaiar no Coral do CEIC.
4 - Acredito que o número de apresentações foram boas, contando que no inicio dos ensaios na FAP sempre sentia que seria uma apresentação, deve ser pelo fato de sairmos de um ambiante totalmente amador ( UTP ) e iniciarmos um " convivio " em outro mais " Músical " ou " artistico " como a FAP nos passava, sendo uma barreira pela realidade do grupo e minha também. As gravações das apresentações seriam importantes ao meu ver para que sentíssemos nosso som da plateia e não somente o resultado de dentro do Grupo, para que nas proximas vezes tenhamos referencia de intensidade de voz, distancia e posicionamento do grupo como um todo, concentração antes da entrada em cena, coisa que no CEIC ajudou muito na minha rouquidão durante as apresentações.
5 – Sempre disposta ao trabalho e fazendo com que o grupo também desperte para isso. Voltar a informar ao cantante as falhas e ou inseguranças, isso induz ao melhoramento e a entendermos onde está pegando os erros, tem dias que precisamos disso como “iniciantes” que somos.
6 – Que venha 2014. Como informei no inicio não sou o mais indicado a opinar; mas poderíamos trabalhar com acordes, propriamente dito, onde montaríamos ideias com maior facilidade na cabeça eu acho que para as improvisações ajudaria o individuo a ficar mais seguro.
1 - Minha memória é
bastante confusa, mas lembro que gostei de uma improvisação feita, se não me
engano, no mesmo dia em que fizemos aqueles exercícios corporais de entrada e
saída dos limites do palco. Achei interessante porque teve um momento em que
foram suspensos todos os recursos que serviam de base à improvisação e o grupo
conseguiu um resultado interessante sozinho, sem o apoio da nossa
"mestra". Outra sessão que me chamou atenção foi a sessão na cantina
da FAP. Minhas expectativas eram grandes, mas no dia pareceu que o som estava
muito baixo e as pessoas muito contidas. Gostei de ouvir sonoridades
diferentes, mas achei que o potencial dos grupos foi pouco explorado e ficamos
presos a repetições. Como consequência dessa percepção global, minha
participação também foi bastante contida.
2- Gosto do repertório; de viajar por diferentes línguas e sonoridades e
ao mesmo tempo poder voltar pro aconchego da música brasileira.
3- Aah, os ensaios! Diferentes de qualquer outro que eu já tenha participado. Sinto-os como espaços de experimentação e descoberta, de livre desenvolvimento da percepção e expressão musical.
4- São ensaios abertos. Tomei um susto quando da primeira apresentação porque achava que as músicas não estavam ainda bem fechadas para apresentar, mas já adquiri a "cara-de-pau" necessária para ensaiar na frente da plateia e acho que isso pode dar (e deu) bons resultados...
5- Falar da direção é falar do grupo, da sua visível evolução, no sentido de aproximar-se cada vez mais de um grupo. Já teve vezes em que eu sentia que todos cantavam e ninguém se ouvia, como uma babel. A direção, aparentemente não diretiva, deixou a bagunça rolar solta, conduzindo o grupo sutilmente e sem pressa de chegar num resultado esperado. Pagou pra ver e, na minha opinião, está vendo um grupo que cresce a cada dia porque, na forma como é conduzido, aprende também a se conduzir.
6- Gostei tanto da ideia das furnas, que não acharia nada mal um projeto de acústica natural hehe. Pessoalmente, gostaria de explorar mais as regiões vocais (lembro que num dos ensaios a gente brincou de posicionar o som em diferentes lugares), mas isso não necessariamente precisa ser um projeto. Talvez seja o caso também de repensar o Mannaz e em vez de caçarmos a humanidade cantante, simplesmente levarmos nosso trabalho ao mundo, invadir o cotidiano quem sabe, e ver de que formas as pessoas "comuns" podem ser atraídas por ele. Apoio, por fim, que a Elza faça um solo, porque ela está mandando muito bem!
3- Aah, os ensaios! Diferentes de qualquer outro que eu já tenha participado. Sinto-os como espaços de experimentação e descoberta, de livre desenvolvimento da percepção e expressão musical.
4- São ensaios abertos. Tomei um susto quando da primeira apresentação porque achava que as músicas não estavam ainda bem fechadas para apresentar, mas já adquiri a "cara-de-pau" necessária para ensaiar na frente da plateia e acho que isso pode dar (e deu) bons resultados...
5- Falar da direção é falar do grupo, da sua visível evolução, no sentido de aproximar-se cada vez mais de um grupo. Já teve vezes em que eu sentia que todos cantavam e ninguém se ouvia, como uma babel. A direção, aparentemente não diretiva, deixou a bagunça rolar solta, conduzindo o grupo sutilmente e sem pressa de chegar num resultado esperado. Pagou pra ver e, na minha opinião, está vendo um grupo que cresce a cada dia porque, na forma como é conduzido, aprende também a se conduzir.
6- Gostei tanto da ideia das furnas, que não acharia nada mal um projeto de acústica natural hehe. Pessoalmente, gostaria de explorar mais as regiões vocais (lembro que num dos ensaios a gente brincou de posicionar o som em diferentes lugares), mas isso não necessariamente precisa ser um projeto. Talvez seja o caso também de repensar o Mannaz e em vez de caçarmos a humanidade cantante, simplesmente levarmos nosso trabalho ao mundo, invadir o cotidiano quem sabe, e ver de que formas as pessoas "comuns" podem ser atraídas por ele. Apoio, por fim, que a Elza faça um solo, porque ela está mandando muito bem!
[1]
Termo utilizado na doutrina espirita para definir um aparelho de leitura do
campo psíquico de seres encarnados e desencarnados. Vide a obra de Francisco
Candido Xavier
Nenhum comentário:
Postar um comentário