Boa noite.
São mais de trinta anos convivendo com pessoas que cantam,
profissionais e leigos (a maioria dos convivas). Desses encontros surgiram
muitas ideias, dentre elas fazer um trabalho socorrista (e hoje há cursos
especializados de ótima qualidade nessa área - Arteterapia, Musicoterapia e
outros espaços na Medicina, Psiquiatria, Homeopatia e tantas correntes).
Ao escrevermos este post, não tínhamos a intenção de anunciar
uma técnica, escola. Apenas registrar um dos momentos que vivemos, dentro dos
liames do ensino acadêmico. Àqueles cujo assunto remeter a outras pesquisas,
experimentações e atuações melhor conceituadas, agradecemos antecipadamente
links, comentários e outras direções.
Tomamos, como recurso para realizar a presente preparação
vocal socorrista, a improvisação.
Em uma improvisação vocal, muitas práticas vão emergindo com
naturalidade: o cantor leigo vai se habituando à escuta do timbre e variações,
sente a estabilidade das vibrações, controla a duração dos tons, combina-os
criativamente e permite-se expressar ideias espontâneas e ao mesmo tempo
raciocinadas; os embaraços orgânicos apresentam-se em proporções tangíveis nas
células rítmicas e melódicas, para serem soçobrados na medida da propriocepção –
trabalhamos para equilibrar tais perdas; os movimentos psíquicos antecedem essa
percepção, revelando-se em esboços ou mesmo temas musicais consolidados, que
podem ser analisados durante e após o experimento (que resolvemos, a partir do
segundo semestre de 2016, gravar e postar no Youtube).
O trabalho individual – esperado no processo, se torna mais
promissor quando outras pessoas partilham a experiência em tempo real. A
improvisação vocal em conjunto é base, então, para estudos em casa. A escuta
imparcial do outro, a possibilidade de análise e síntese de tais estímulos,
enquadrando-os à própria produção envolve refinamento, aproximação,
entendimento, distanciamento, esperas, renúncias. Em um primeiro momento, as
vibrações combinadas devem atender lacunas humanas – limitações técnicas como
dificuldades de afinação, de estabelecer pulso, figura e fundo em música,
domínio de tons, intervalos musicais, arpejos, formação de acordes, uso de
escalas, domínio de formas e gêneros musicais, de rupturas com a forma, porém
atenção ao conteúdo delas.
Cada experiência leva, em média, trinta minutos. Duas
improvisações por sessão são suficientes. O ponto de partida pode ser um bordão
com lábios fechados, acrescentando-se ao bordão grupetos com vogais e sílabas.
Silêncios e variações de dinâmica são vitais no processo. O trabalho pode ser
realizado com as pessoas sentadas, de preferência em círculo.
Como o sentido do tato evidencia a aproximação, prescrevemos
na presente sessão a técnica do jin shin jyutsu, conhecida como arte de
liberação das tensões. A nutrição celular (e a abertura dos campos sutis, dos
centros de criação) depende do desbloqueio das zonas de energia estagnada,
viabilizando, dentre outras coisas, o fluxo criativo.
Um dos participantes toma a mão do outro e segura um dedo por
vez, com seus dedos fechados sobre ele com leve pressão, por alguns instantes.
Para uma compreensão básica, cada dedo concentra um estado psíquico – preferimos, nesta abordagem, apontar
aspectos positivos relacionados ao toque – 1- interesse, equilíbrio da
primeira profundidade; superfície da pele, recepção e processamento dos
alimentos – estomago e baço (polegar); equilíbrio da segunda profundidade; derme;
alento da vida – pulmões e intestino (anular); equilíbrio da terceira
profundidade, essência do sangue; fígado e vesícula biliar (médio); equilíbrio
da quarta profundidade; sistema muscular, circulação sanguínea; rins e bexiga (indicador);
sistema esquelético, intuição; coração e intestino delgado (mínimo); o centro
da mão é tocado por três dedos – fonte da vida, diafragma e plexo solar.
Na aplicação da técnica, acrescentamos a emissão contínua de
um tom, produzida pelos participantes e modificada a cada troca de toque; esse
tom é produzido com os fonemas M, N e L.
O plano de fundo, formado pelas harmonia dos tons sustentados
sugere a expressão de canções já conhecidas e pertencentes à história de vida
de cada cantante ou mesmo a criação de versos, quadras, glosas.
Na sessão seguinte, sugerimos iniciar os trabalhos com a
escuta da gravação e análise do material – pontos positivos, técnicas vocais,
aprimoramento da execução, antes do início da próxima improvisação.
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