sábado, 29 de março de 2014

História do corpo



Àqueles que tem disponibilidade, pensar sobre a história do nosso corpo, das dualidades criadas em torno dele, corpo ocidental... as expressões: o templo do espírito, o templo da perdição, o templo do pecado, o cárcere, a punição, o prêmio, a pulsão, a paixão, o corpo nave, o corpo envoltório, o corpo matéria, o corpo do Cristo, o Rei Solar, os santos, a burca, o estupro, a bala, o gerar, os obeliscos e arranha-céus, as pátrias fálicas, a pacha mama... o lindo espetáculo do corpo, a podridão do corpo, o corpo desnudo de si, o corpo vestido de nós, o corpo que veio do pó, o corpo que volta ao pó... e esse Corpo fez história, e foi sendo moldado de acordo com nossas culturas.Quantos, no corpo, recusam-se a viver. Houve, sempre, uma busca coletiva para domá-lo, restringí-lo, educá-lo. Uma luta constante entre repressão e liberdade, entre adoecê-lo e torná-lo são. Limpo. Limpo de acordo com a posição hierárquica do corpo. Àqueles que curtem vulcões, estabelecer comparações. E quando este corpo se faz voz, ou seja, EXPRESSA. O que será que acontece? Jóia ou Eu te amo são as palavras sociais, culturais, ou a expressão de Caetano e Chico. Estou procurando uma ruptura através dessas expressões deles. Quero encontrar a expressão de cada um e de todos. Porque ainda há a questão das crenças, e acredito que não estamos juntos (por hora) por acaso, neri per caso... estou atrás de outra música vocal... volto-me para o passado, o remoto, para os alquimistas, para a negação deles, para todas as significações que tomou o sensível nesse percurso, acompanhado primeiro pela lógica mecânica, depois pela lógica energética, então pela lógica informacional... e faz um tempinho, a espiritualidade e o sensível voltaram à pauta... a astronomia tratando de encabeçar os caminhos des humanos - E o CORPO como musa inspiradora... enquanto isso, nosso "enfrentamento" do corpo prossegue. Alguns de nós ainda sofrem com o seu, debatem-se com o sentido do movimento, da respiração, do som vocal... obrigada por alguns de vocês, que partilham essas dúvidas comigo...

quinta-feira, 6 de março de 2014

Preparação vocal socorrista, ideia nascente





Boa noite.
São mais de trinta anos convivendo com pessoas que cantam, profissionais e leigos (a maioria dos convivas). Desses encontros surgiram muitas ideias, dentre elas fazer um trabalho socorrista (e hoje há cursos especializados de ótima qualidade nessa área - Arteterapia, Musicoterapia e outros espaços na Medicina, Psiquiatria, Homeopatia e tantas correntes).
Ao escrevermos este post, não tínhamos a intenção de anunciar uma técnica, escola. Apenas registrar um dos momentos que vivemos, dentro dos liames do ensino acadêmico. Àqueles cujo assunto remeter a outras pesquisas, experimentações e atuações melhor conceituadas, agradecemos antecipadamente links, comentários e outras direções.
Tomamos, como recurso para realizar a presente preparação vocal socorrista, a improvisação.
Em uma improvisação vocal, muitas práticas vão emergindo com naturalidade: o cantor leigo vai se habituando à escuta do timbre e variações, sente a estabilidade das vibrações, controla a duração dos tons, combina-os criativamente e permite-se expressar ideias espontâneas e ao mesmo tempo raciocinadas; os embaraços orgânicos apresentam-se em proporções tangíveis nas células rítmicas e melódicas, para serem soçobrados na medida da propriocepção – trabalhamos para equilibrar tais perdas; os movimentos psíquicos antecedem essa percepção, revelando-se em esboços ou mesmo temas musicais consolidados, que podem ser analisados durante e após o experimento (que resolvemos, a partir do segundo semestre de 2016, gravar e postar no Youtube).
O trabalho individual – esperado no processo, se torna mais promissor quando outras pessoas partilham a experiência em tempo real. A improvisação vocal em conjunto é base, então, para estudos em casa. A escuta imparcial do outro, a possibilidade de análise e síntese de tais estímulos, enquadrando-os à própria produção envolve refinamento, aproximação, entendimento, distanciamento, esperas, renúncias. Em um primeiro momento, as vibrações combinadas devem atender lacunas humanas – limitações técnicas como dificuldades de afinação, de estabelecer pulso, figura e fundo em música, domínio de tons, intervalos musicais, arpejos, formação de acordes, uso de escalas, domínio de formas e gêneros musicais, de rupturas com a forma, porém atenção ao conteúdo delas.
Cada experiência leva, em média, trinta minutos. Duas improvisações por sessão são suficientes. O ponto de partida pode ser um bordão com lábios fechados, acrescentando-se ao bordão grupetos com vogais e sílabas. Silêncios e variações de dinâmica são vitais no processo. O trabalho pode ser realizado com as pessoas sentadas, de preferência em círculo.
Como o sentido do tato evidencia a aproximação, prescrevemos na presente sessão a técnica do jin shin jyutsu, conhecida como arte de liberação das tensões. A nutrição celular (e a abertura dos campos sutis, dos centros de criação) depende do desbloqueio das zonas de energia estagnada, viabilizando, dentre outras coisas, o fluxo criativo.
Um dos participantes toma a mão do outro e segura um dedo por vez, com seus dedos fechados sobre ele com leve pressão, por alguns instantes. Para uma compreensão básica, cada dedo concentra um estado psíquico – preferimos, nesta abordagem, apontar aspectos positivos relacionados ao toque – 1- interesse, equilíbrio da primeira profundidade; superfície da pele, recepção e processamento dos alimentos – estomago e baço (polegar); equilíbrio da segunda profundidade; derme; alento da vida – pulmões e intestino (anular); equilíbrio da terceira profundidade, essência do sangue; fígado e vesícula biliar (médio); equilíbrio da quarta profundidade; sistema muscular, circulação sanguínea; rins e bexiga (indicador); sistema esquelético, intuição; coração e intestino delgado (mínimo); o centro da mão é tocado por três dedos – fonte da vida, diafragma e plexo solar.
Na aplicação da técnica, acrescentamos a emissão contínua de um tom, produzida pelos participantes e modificada a cada troca de toque; esse tom é produzido com os fonemas M, N e L.
O plano de fundo, formado pelas harmonia dos tons sustentados sugere a expressão de canções já conhecidas e pertencentes à história de vida de cada cantante ou mesmo a criação de versos, quadras, glosas.

Na sessão seguinte, sugerimos iniciar os trabalhos com a escuta da gravação e análise do material – pontos positivos, técnicas vocais, aprimoramento da execução, antes do início da próxima improvisação.