segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Pleno e vazio


*11 eleven

canta a beleza


do i ching:
A lei do céu esvazia o que está pleno e preenche o vazio; de acordo com a lei do céu, quando o sol alcança o zênite, inicia seu declínio, e quando chega ao nadir, ascende outra vez rumo a um novo amanhecer. De acordo com a mesma lei, quando a lua está cheia, começa o minguante, e na lua nova reinicia-se o crescente. Essa lei celeste atua também no destino dos homens. A lei da terra consiste em alterar o que é pleno e fluir em direção ao que é modesto; assim, as altas montanhas são aplainadas pelas águas e os vales são preenchidos. A lei do poder do destino corrói o que está pleno e faz prosperar o que é modesto. Os homens também odeiam o que é cheio de si e amam o que é modesto. O destino dos homens segue leis imutáveis que têm de ser cumpridas. Mas o homem tem o poder de moldar seu destino, na medida em que sua conduta o expõe à influência de forças benéficas ou destrutivas. Quando um homem está em posição elevada e é modesto, ele brilha com a luz da sabedoria. Quando ele está numa posição inferior e é modesto, não pode ser ignorado. Assim o homem superior leva seu trabalho à conclusão sem vangloriar-se daquilo que conseguiu.

Entradas e bandeiras

 
*gralha azul

Conheci o Professor Inami Custodio Pinto no inicio de 1981. Eu era cantora do Coral do Colégio Estadual do Paraná e na noite do concerto eu fazia o solo da Gralha Azul. O Professor estava na plateia e, nos cumprimentos, perguntou-me se eu gostaria de conhecer a Faculdade de Educação Musical do Paraná, onde ele ministrava aulas de Folclore. Assim começou meu contato com essa figura emblemática, que resignificou minha juventude e encaminhou meu trabalho musical. As aulas do Inami eram simples na forma. Inami contava-nos causos de suas andanças pelo litoral paranaense, alertava sobre a perda de identidade dos povos pescadores, ia nos cantando cantigas de índios, ensinando antigas danças e costumes, incutindo em nos amor pela natureza, pelas celebrações, respeito as diferenças e níveis de evolução. Vivemos com o Inami um momento de transição entre aculturação e reconstituição do folclore litorâneo paranaense. As casas de Fandango em Valadares andavam meio caladas na década de 1980. Os jovens do local estavam a preferir ouvir a musica eletrificada pelos sistem da época, aqueles "radiões " que os dançadores de street dance usavam colados ao ouvido. Compreendemos, através dos ensinamentos do Inami, que o folclore responde as necessidades do povo e sobrevive de acordo com tais necessidades. Que pode ir e vir. Como as fases da lua. Que as tradições são importantes ate o momento em que se adequem ao cotidiano da comunidade. Que devem mover-se, tais tradições.  modificar-se, reinscrever-se em novos cotidianos. Que o folclore, portanto, e dinâmico e renovável, funciona como o renascer das coisas após uma tempestade. Que Curitiba sempre foi um porto de passagem, rota de tropeiros, lugar de viajores, que essa natureza desenraizada da cidade e sua gente e uma característica importante e fartamente investigável do ponto de vista afetivo e científico. Ate hoje, baseada no modo de ensinar do Inami, sei refazer as marcas do Fandango com meus alunos. Sei cantar a Balainha, a Cana Verde, o Cua Fuba, sei fazer Barreado e uma boa sopa de peixe. Sei dizer e musicar varias lendas indígenas, a mais marcante a de Naipi e Taroba. Do universo litorâneo paranaense apresentado pelo Inami veio o meu interesse pela musica do mundo. Ai conheci o Terra Sonora, e então tem inicio outra historia. Obrigada, Inami, pela sua participação afetiva.

domingo, 29 de setembro de 2013

Os grupos

Foto: Apresentação do G. V. SegundaSábado no Encontro de Corais da FAE 2013.
* foto do Sr João.

A alegria de sentir "as coisas mais simples".
Um abraço carinhoso a essa equipe que vem cantando comigo.
Este é o SegundaSabado.
O lugar é o atrio do Colégio Bom Jesus, FAE, em 28 de setembro de 2013.
Obrigada!!

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Possibilidades


* do dia 26 de setembro, quando descobri uma pequena caixinha na Faculdade de Artes, em que se guarda as energias doces do canto.

E vamos fazendo a nossa parte.
Porque cantar (e escrever e cantar) sempre foi a minha saída para  não enlouquecer.
Para não "desviver".
Tornar a estudar dinâmica de grupo.
E transformar o singelo grupo numa orquestra de vozes.
O som e bem bonito.
Acredito que sera a grande recompensa que levarei da escola,
antes de encerrar lá minha passagem...


domingo, 22 de setembro de 2013

Experiencias subjetivas com corpo e canto

*henri matisse

E caiu chuva tão opulenta sobre o telhado de eternit
que nos calou a voz.
E o exercício quedou-se a meio.
Mas algo nos fez permanecer,
a murmurar canções
e raios.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Passo a passo, se constroi uma forma tangivel


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Olha que interessante, o primeiro apoio palpável que a escola em que leciono há 25 anos me deu. Apareceu a oportunidade, interessa ao Mannaz, ofereci o trabalho e então vem essa divulgação interna, tão bonitinha...

Deixa eu aproveitar e postar essa foto, um pouco embaçada, mas um arquivo valioso, do Mannaz e de outros voos.

https://mail-attachment.googleusercontent.com/attachment/?ui=2&ik=a28f47374e&view=att&th=1413b93bcb72db2d&attid=0.1&disp=inline&safe=1&zw&saduie=AG9B_P-_Yunl2-drY50V1ZJkHB5D&sadet=1379717876058&sads=HstGmwhRMz7xPlKYzef8L1W0QYE*esquerda para a direita: Monica Soares, conheci a segunda menina nesse dia da foto, ainda não sei seu nome. Jordana Solleti e Fernanda Fausto. E eu ai na frente, bem Mme Suzatska. Foto tirada pela Cida, a técnica de som do estúdio da FAP. Gravamos um dos muitos improvisos vocais espontâneos que temos feito ao longo do ano. Trabalho do dia 19 de setembro de 2013.

Outros apontamentos sobre os encontros de improvisação espontânea com o canto

Ah, "passar o rodo" é uma expressão futebolística, que significa massacrar o adversário e marcar gols e ganhar o jogo, quiçá o campeonato.

Nesse jogo de chegar e cantar num grande grupo, como o que temos feito desde agosto, não é para se encontrar adversários.

Estou tentando nos colocar em contato com estranhos, que cantam também, que tem potência. Estranhos, estrangeiros, diferentes, outros sons, outras texturas, outros raciocínios musicais. Para que o nosso dê um salto quântico. De uma vez por todas.

Como foi estranhamento puro o nosso encontro com a rapaziadinha na última quarta. Recuamos, é certo, talvez para não fazê-los pressionar a coisas que eles não podiam nos dar de pronto, mas foi um bom trabalho, repito! Eu iria ficar surpresa caso algum deles viesse me pedir: vamos fazer um som desses na formatura. Havia mediadores demais, para conter, refrear. Refrear, talvez, o desejo implícito de "massacre".

Massacre é a parte primeva da humanidade. Acredito que nossa geração não poderá presenciar aos homens depondo enfim as armas e amando, porque amar é bom, e amar tudo, o que é sólido, líquido, gasoso e outros estados de ânima que desconheço.

O medo virá, é certo, a gente se sente sozinho, é certo, no meio de tanta gente. Barulho e exacerbação de egos ocorrerá. Confusão sísmica no corpo ocorrerá. Não dá para saber se é excitação sexual, se um jato exagerado de adrenalina. Qualquer coisa assim. Daí que me ocorreu falar em "passar o rodo". Que é essa a descrição que jogadores do naipe do Zico, Sócrates, Rai fizeram, no que se refere a saber que o jogo estava ganho antes de sair do túnel para o campo.

Na última quarta-feira não fomos vorazes, fomos doces, porque afinal eram "crianças acuadas" partilhando a experiência. Ledo engano, voces verão no video o rito das fileiras. Eu estava angariando no exercício a força, a mais primeva, antes de fazer as pazes com a potencia.

E Deleuze e Guattari poderiam participar desse papo cabeça unilateral. E o cara da percepção, Satre também,mas o outro, fugiu o nome, já lembro. E Kandinski e seu "Do espiritual na arte" - o termo espiritual neste trabalho, cantante, tem outra conotação que a que professamos. Bonito igualmente, mas outro olhar sobre o objeto. Merleau Ponty é o cara cujo nome me escapou, vixi... papo cabeça demais... Bora ouvir Wladmir Godar e seu Mater...

A garganta vai secar, a mente trava e as conexões neuronais tem pequenos colapsos. Pode me chamar do que quiser, estou pedindo para que você, num momento desses, la no dia 24, mexa-se na roda e segure a mão de alguém menos estranho. Ou do mais estranho de todos. Pegue a mão da pessoa e perceba a potencia. Potencia é diferente de força, de gana, de garra. Potência é antes da vida, é o que gera a vida.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Escuta

Ganhei um desses fones que cobrem toda orelha.
Exercício do casulo. Exercício de nascer.
Precisamos de inspiração.
Precisamos escutar.

domingo, 15 de setembro de 2013

Amola-tesouras

*descobrir Portugal

somos todos amola-tesouras, cantantes.
Solitário, mas bonito.

A partir da pratica, alguns comentários:


 
*mandala laríngea, de Arthur Drischel
Bem, hoje demos mais um passo em direção a novas descobertas. Retornamos a questão do corpo em cena, e a busca era entender que a voz pertence a ele, trabalha com ele em atitude lógica. O corpo fala. Desde o começo de minha carreira presto atenção nisso, na grande ferramenta concreta que possuímos, que aponta sensações, desequilíbrios, excessos e nossa beleza peculiar. Tomara as câmeras tenham captado os esforços de todos em busca dessa revelação da beleza, em busca de superação e entendimento, dos constrangimentos, dúvidas, pudores e quereres. Cinco pessoas, e parecíamos umas oitenta, foi essa a impressão que vocês me deram. Alguns de nos se divertem mais nessas tarefas, se entregam mais, aprofundam mais sua percepção, de si, do outro e do entorno. Sentem-se meio "bobos", não acreditam de pronto que o processo levara a algum objetivo especifico. Outros tem de esperar novas oportunidades, novos exercícios com enfoque em outras áreas do conhecimento. Outros dormem, dormem o sono das borboletas enquanto encapsuladas em seu casulo. E eu estou generalizando aqui, falando das pessoas em geral e não desse ou daquele participante presente ao processo hoje. Em consonância com alguns estudiosos do movimento corporal, demos ênfase aos movimentos e deixamos que a voz fosse balbuciando, ainda cindida do corpo, sem forma, especialmente nas duas primeiras sessões. Hoje produzimos cinco!! As nossas meninas estavam doentinhas e mesmo assim vai aparecer muita coisa bonita construida por elas no vídeo. Impressionante a resposta do corpo aos arranjos, vamos esperar e ver. Certamente ha muito mais coisas a comentar. A palavra síntese de trabalho, SAÚDE MENTAL impressionou-me bastante. Muito cedo chegaremos a estágios mais avançados, não só musicalmente mas no que se refere a sensibilidade e sentido da vida. Gostaria de lembrar que somos LEIGOS em musica, uns mais outros menos. Mas leigos. Isso não significa que estejamos fora do universo dos artistas. Estamos "levantando a lona do circo" e espiando la dentro, a jaula dos leões, elefantes, cães, macacos, cavalos, ursos, focas, gente pendurada, gente saltando, sendo atirada de canhões. Palhaços sem pintura passando seus textos e marcas, malabares no ar. Pisamos no "breu" e muito respeitosamente nos aproximamos da arena, onde a mágica acontece. Se somos vocacionados, alguns de nos, quem sabe. 51 anos, e muito mais da metade eu vivi sob a lona, adestrando borboletas. E cantando, quando algum artista se machucava. Entrou por uma porta, saiu pela outra, o rei meu senhor... Ah, num certo momento eu perguntei aos presentes se alguém fazia falta ali, se haviam sentido falta de alguém. Esta na fita, embora eu tenha pedido que o Igor apagasse... to reconsiderando, pode deixar como esta e avaliamos juntos as reações. Utilizo alguns conhecimentos que obtive em Biodança , Psicodrama, Dinâmica de Grupo, Técnicas de Alexander, Feldenkrais, Eutonia, Alexander Lowen, Moreno, Laban, o trabalho do Grupo Corpo, o trabalho do Marcos Leite, dentre outras praticas. Wilhelm Reich e o teórico principal. A função do orgasmo e seu livro mais famoso. Obrigada. Boa noite. Segunda tem mais.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Experiencias com a voz

 
*11 eleven
Gostaria que vocês refletissem sobre a forma como uma voz interfere num ambiente. Escolham esse ambiente, por exemplo, esse aguadeiro que postei aqui. Como vocês cantariam num ambiente assim? O que cantariam? Estariam vestidos? Nus? Sobre as pedras, ao sol, ou dentro da agua, mexendo nela? Etc, etc, etc... sua imaginação precisa despertar nesses exercícios e esse e um critério que não se ensina. Ou a predisposição e fraca, forte ou mesmo inexistente. A voz se comporta de forma diferente em diferentes ambientes? Cantando o que? Dizendo o que? Ha uma distancia entre a forma de cantar e falar? 
Gostaria ainda que todos refletissem sobre essa historia de gostar ou não gostar da própria voz. Sobre autoamor, portanto. Sobre ser o que se e. Ou o contrario. Agradeçam por possui-la, a voz,  por poder utiliza-la. Assumam de uma vez que lhes foi facultado usar a voz publicamente, autorizado, eu diria. E vocês a usam com as ferramentas de que dispõem, sejam elas top line os as mais simplórias. Criem situações de utilização da própria voz. Treinem no banheiro. Um discurso, um concerto, frases soltas, ditas e cantadas de formas distintas. Insisto também para que o repertório cotidiano se expanda e seja reiteradamente exercitado, quem sabe igualmente no banheiro. Se incomodar o vizinho, convide-o pra cantar junto e vice-versa. E preciso que esse exercício solitário de cantar seja repetido muitas vezes. So assim vem novidades quando reunimos as experiências individuais e criamos o espectro coletivo. Ainda há muito a ser pensado neste campo, e um terreno inesgotável de expectativas e investimentos.

algumas sugestões de textos para treinamento, criação livre, colhidos do acervo de roberto reitenbach, facebook:

 

 "Você encontrará à esquerda das moradas do Hades uma fonte,
junto a ela está um cipreste branco.
Desta fonte não chegue perto.
E encontrará outra, do lago da Memória
escorrendo água fria, e os guardiões estão à frente dela.
Diga: 'sou filho da Terra e do Céu estrelado,
mas minha raça é celeste, isso vocês próprios sabem.
Estou seco de sede e pereço: então, deem-me rapidamente
água fria que escorre do lago da Memória.'
Estes lhe darão de beber da fonte divina;
deste momento em diante você reinará entre outros heróis".
                                                                               Lâmina de Petélia


Havia marinheiros
No país de Helena
Que morriam ao pôr do sol

E havia Helena que sonhava
Fazer um dia tranças às ondas
E um berço muito grande para o mar

Daniel Faria


Que belo que é
não pensar ao ver um raio:
“A vida é fugaz”.

Bashô

  
Esvai-se o som na noite;
sobe o perfume das flores —
um sino tocou.

Bashô

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Preparação do corpo e da voz para o canto




Nesta pratica que aprimoro há trinta e três anos, utilizo-me de alguns pré-requisitos que considero essenciais no processo: 1 - antes de ser, eu tenho que estar no espaço onde vou cantar. 2 - Finco os pés onde me encontro. 3 - Recorro às referencias de movimento indicadas pelas minhas vértebras e quadris. 4 - Ponho minhas articulações a serviço da gravidade, em movimento helicoidal. 5 - Eu me adono do espaço interno e externo, abraçando-o com o som da minha voz, ou seja, eu endereço a voz ao um determinado obstáculo e ela me e devolvida pelo sistema de realimentação acústica. O som universal, o AUM, serve perfeitamente a este primeiro investimento vocal. Ao trabalhar tons sustentados, tenho a oportunidade de avaliar os limites da voz, se ela toca o obstáculo e volta para mim, se ela e fraca ou forte demais neste movimento. Se eu sei fazer foco. Sair da zona de conforto e tarefa respeitosa, que demanda tempo. 6 - Ouvir o retorno da voz e a alma do processo. 7 – Respirar e entender o caminho da ancoragem e sustentação dos tons em outro espaço interno que não a laringe e a faringe. 8 - Em grupo, a sensação acústica dos vários tons combinados, seguidos de grupetos, ostinatos, pequenas melodias sobrepostas cria uma sensação de arranjo que atua sobre o tônus vocal, provoca a criatividade e o ajuste constante da emissão.  9 - Encaixar a cabeça no “figurino” passa a ser questão de som vocal mais elaborado. Dessa forma facilita-se o processo de compreensão da voz como parte integrante do corpo. Os pés, a coluna vertebral e a cabeça encaixada garantem o inicio do aprendizado de diferentes afinações.  Como a voz “e a maior bandeira”, “da a maior bandeira”, “entrega o jogo” através da exposição de certas emoções, o exercício do canto em conjunto cria barreiras protetoras, ampara os cantantes, a ponto de eles se sentirem livres para improvisar com poucas resistências. A sequencia do processo consiste em trabalhar a emoção correta. Aplicar a emoção correta ao tema musical vocal. Mentir bem ou ser sincero na mentira faz parte do jogo.  Passar verdade, carisma, ritmo e conteúdo com a voz e treinamento diário sobre situações especificas.  Com muito pouco tempo de pratica o cantor se convence de que a vaidade atrapalha o dono da voz. E então ele se esforça por buscar a verdade. As improvisações vocais tem como objetivo estimular a criação, a autenticidade e originalidade do cantante. Espera-se que o cantante expresse pensamentos e sentimentos com ações conscientes e versáteis. Ou saiba como aplicar técnicas para atingir determinados efeitos, tal qual artista de circo. Atividades positivas de amor e ordem permitem haver quantidade e velocidade perfeitas. Este e o propósito das improvisações vocais. Esta experiência pode ser libertadora e vitalizadora, quando aproveitada para o autocrescimento.

E Karla Izidro complementa:
A voz não tem começo,mas um fim.
Ela pode estar na sola de seu pé,
nas vértebras de sua coluna,
na ponta de seus dedos.
Presa no joelho tenso,
dura no maxilar travado,
fora de si sem a sua nuca.
A voz está em todo o seu corpo.
e se prolonga ao ouvinte que te escuta.
Mais do que tudo a voz é sua identidade.
E vive do que você a alimenta, ou seja, você mesmo.
A voz é ancestral , nosso instrumento primeiro...Feito pra cantar ou falar?O sentido da voz falada está na semântica e na voz cantada na melodia. Cantar também é uma forma de contar histórias,de revelar sutilezas e emoções. De acordo com Paul Zumthor as tradições orais criam uma rede de intercâmbios vocais vinculados a comportamentos mais ou menos cifrados, cuja finalidade essencial consiste em manter a continuidade de uma percepção da vida. Os cantos étnicos trazem em si uma gama de informações sutis sobre um povo,um lugar,uma paisagem. Quando uma pessoa canta algo que a motiva para isso ,esse canto estará relacionado profundamente com sua energia criadora. Será essa energia que impulsionará toda a sua atuação inclusive sua técnica vocal.


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